IntraAct agora também em Moçambique!

Moçambique torna-se no primeiro país africano a usar a metodologia IntraAct para alfabetização de crianças e adultos.

Maputo/Manhiça — Depois de criar raízes na Alemanha e de ganhar tração na América Latina (Brasil, Colômbia e Peru), o IntraAct cruza o Atlântico e inicia seu primeiro piloto no continente africano. O projeto começou no distrito de Manhiça, na província de Maputo, com 50 crianças, e simboliza um passo histórico para a expansão da metodologia.

A iniciativa é conduzida em parceria com a DVV International — instituto de cooperação internacional da Associação Alemã de Centros de Educação de Adultos —, a editora Trinta Zero Nove e a AMODEC (Associação Moçambicana de Educação de Adultos e Jovens), responsável pela implementação local. O objetivo é direto: acelerar e sustentar a aprendizagem da leitura e da escrita, reduzindo o analfabetismo e ampliando a integração social e educacional de crianças, jovens e adultos em Moçambique.

Uma marca registrada do IntraAct é a simplicidade na largada: um manual e uma docente (ou docente) capacitada(o). Essa simplicidade, no entanto, vem acompanhada de rigor. “Exigimos disciplina das(os) professoras(es). Elas(es) precisam esquecer o que aprenderam pela via tradicional e se entregar ao método IntraAct. Caso contrário, os resultados podem ser distorcidos. O decisivo é a abertura das(os) docentes e a execução consistente do plano”, reforça a equipe do projeto.

Na sala de aula, a proposta é aprender a ler e a escrever ao mesmo tempo. Desde o começo, as crianças são orientadas a segurar o lápis de forma natural e automática, acionando mecanismos de automatização do cérebro. Os primeiros passos acontecem com cartões de fonemasA, M, L, O —, e o efeito costuma ser rápido: “após poucas horas de aula, já é possível ler”. A partir daí, o alfabeto se expande não na ordem A–Z, mas por princípio fonêmico, privilegiando a articulação mais simples. Os cartões coloridos e a chamada “janela de leitura” ajudam a fixar memórias de longo prazo e a manter a atenção.

Para Sandra Tamele, da Trinta Zero Nove, a experiência acumulada com públicos que têm necessidades educacionais especiais levantou uma pergunta inevitável: “Se temos resultados tão positivos nesse público específico, como será com crianças sem dificuldades? Com apenas uma hora de aula por dia nesse sistema baseado em fonemas, as crianças concluem o curso em quatro meses já lendo fluentemente.”

A opção por começar pequeno não é acaso. Na fase piloto, turmas reduzidas permitem atenção máxima e interação direta entre docente e participantes. “É só uma hora por dia — mas é uma hora intensa”, resume Tamele. O piloto também dá prioridade a pessoas sem experiência escolar, o que ajuda a observar com maior nitidez como maturidade e idade influenciam os resultados.

A chegada a Moçambique atende a um desejo antigo do coletivo por trás do IntraAct: ampliar redes e dialogar com a África lusófona. “Buscamos soluções inovadoras e já comprovadas que possam transformar estruturalmente a educação”, destacam as organizações envolvidas.

Mais do que um novo ponto no mapa, o movimento em Manhiça indica um rumo: levar a metodologia a outros contextos africanos, sempre com formação docente específica e fidelidade de aplicação — condições que, segundo os responsáveis, fazem a diferença entre um projeto promissor e resultados efetivos na aprendizagem.

Fonte da Materia: https://www.dvv-international.mw/dvv-international/news/article/novo-metodo-de-alfabetizacao-em-mocambique 

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