A leitura não é um processo natural e espontâneo do desenvolvimento humano. Ao contrário da linguagem oral, que emerge biologicamente com o amadurecimento neurológico, a leitura precisa ser ensinada. E para que esse ensino seja eficaz, é fundamental compreender como o cérebro aprende a ler. Essa é a base do método IntraAct: uma proposta pedagógica que se ancora nos princípios da neurociência cognitiva.

Do som à letra: consciência fonológica e codificação neural

O IntraAct parte de um ponto essencial: antes de reconhecer letras e palavras, a criança precisa desenvolver a consciência fonológica. Isso significa identificar e manipular os sons da fala (fonemas), estabelecendo conexões claras com suas representações gráficas (grafemas).

O método IntraAct respeita a ordem de aquisição fonológica natural, organizando a introdução das letras em blocos que favorecem a articulação, a percepção auditiva e a formação de palavras significativas.

O primeiro bloco — A, M, L, O — é composto por fonemas simples, frequentes na língua portuguesa e de fácil emissão pelas crianças. Essa seleção estratégica permite que o aluno forme sílabas e palavras logo nos primeiros dias de aula (como mala, mola, lama), promovendo engajamento, segurança e fluência desde o início do processo de alfabetização.

Cada bloco do método é cuidadosamente estruturado com quatro fonemas, permitindo que o cérebro processe e automatize informações sem sobrecarga cognitiva. Ao organizar a aprendizagem dessa forma, o IntraAct favorece a ativação do sistema de leitura do cérebro, que envolve áreas como o giro angular, o giro fusiforme e o córtex auditivo.

Grafemas, rota fonológica e memória de longo prazo

No IntraAct, o grafema — representação visual e gráfica do som — não é apresentado de forma isolada, mas em contextos significativos e lúdicos. Isso favorece a formação de circuitos neurais estáveis e a consolidação da rota fonológica, que permite decodificar palavras com fluência.

Para estimular a memória de longo prazo, o método utiliza recursos visuais, atividades interativas e leitura guiada com a “janelinha de leitura” — uma ferramenta que foca a atenção no trecho lido, reduzindo distrações e promovendo uma leitura ativa. Assim, o aluno não apenas reconhece palavras, mas compreende e internaliza seu significado.

Ciência, escuta pedagógica e resultados comprovados. 

Ao alinhar o ensino da leitura com os mecanismos naturais de aquisição da linguagem escrita, o IntraAct não apenas acelera o processo de alfabetização, mas também o torna mais leve, significativo e duradouro. Com uma base teórica robusta e comprovação empírica, o método demonstra que ensinar a ler pode ser um processo cientificamente orientado, mas também sensível à singularidade de cada aprendiz.

Entender como o cérebro aprende é o primeiro passo para alfabetizar com mais efetividade. E é exatamente isso que o IntraAct oferece: uma ponte entre a ciência da aprendizagem e a prática pedagógica transformadora.